Representantes dos Comitês da porção mineira da Bacia Hidrográfica do Rio Doce se reuniram na terça-feira, 07/07, na sede da faculdade Pitágoras, em Governador Valadares/MG, para o terceiro encontro regional do Seminário Águas de Minas III, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Estiveram presentes no evento presidentes e representantes dos CBHs Piranga, Piracicaba, Santo Antônio, Suaçuí, Caratinga e Manhuaçu. Também compareceram a prefeita de Governador Valadares e ex-presidente do CBH-Doce, Elisa Costa; o coordenador do núcleo regional do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Wyllian Melo; e o deputado estadual e vice-presidente da Comissão Extraordinária das Águas, Leandro Genaro.
O Seminário
A primeira edição do seminário, realizada em 1993, debateu temas voltados à criação de propostas e também cobranças referentes ao uso da água no estado. Já o segundo seminário, em 2002, abordou o gerenciamento ambiental. Agora, em sua terceira edição, a ALMG trouxe como temática “os desafios da crise hídrica e a construção da sustentabilidade”.
Segundo o coordenador do núcleo regional do IGAM, Wyllian Melo, o mau uso dos recursos hídricos no estado, principalmente na Bacia do Rio Doce, associado à falta de chuva são fatores que colaboraram para a crise hídrica atual. “No último período chuvoso na região, choveu menos que a média nacional e, em alguns pontos, choveu 50% a menos que o esperado”, destacou.
As cidades de Conceição do Mato Dentro e Nova Era foram identificadas como áreas críticas no que se referente à existência de água com elevado índice de contaminação tóxica. Foi constatado que o Rio Santo Antônio, em Conceição do Mato Dentro, está contaminado por zinco. Já em Nova Era, no Rio Piracicaba, foi encontrada alta concentração de chumbo.
Realidade dos comitês da porção mineira do Rio Doce.
Depois da exposição sobre o panorama da situação dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, os representantes dos comitês mineiros apresentaram um balanço da situação de cada sub-bacia. O presidente do CBH-Piracicaba, Iusifith Chafith, disse que o comitê vem trabalhando com a gestão participativa de recursos hídricos e salientou: “a nossa missão é fortalecer a integração entre o poder público, os usuários e a sociedade civil, visando melhorar a qualidade e quantidade da água na nossa bacia hidrográfica”.
Em seguida, a representante do CBH-Santo Antônio, Tereza Cristina, disse que o cenário na sub-bacia é preocupante. O Rio Santo Antônio é considerado um dos principais mananciais que integram a Bacia do Rio Doce, abrangendo 83% das espécies de peixes da região, porém apresenta um cenário marcado pela forte degradação e poluição. “O rio recebe o esgoto in natura, a agropecuária é forte e a monocultura do eucalipto é um agravante. Esta junção de fatores resulta em acontecimentos como a recente mortandade de peixes registrada no município de Ferros/MG”, destacou.
A presidente do CBH-Suaçuí, Lucinha Teixeira, destacou que na Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí 63% do esgoto é coletado, mas não tem o destino final adequado, sendo lançado no rio in natura. “Diante dessa situação, o Comitê, por meio da cobrança pelo uso da água, está financiando a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) para 36 municípios da Bacia, em um investimento de R$ 3,7 milhões”, enfatizou.
O vice-presidente do CBH-Manhuaçu, Senisi Rocha, parabenizou os organizadores pela iniciativa da realização do evento, que, no seu entendimento, representa um avanço na relação entre o poder executivo e comunidade. “É uma grande conquista quando a Assembleia Legislativa se propõe a vir até a comunidade, pois esses espaços possibilitam à bancada conhecer, de fato, a grave situação dos nossos rios”, disse Senisi.
José Geraldo Rivelli, conselheiro do CBH-Piranga, destacou que foram investidos quase nove milhões de reais na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) para os municípios da bacia, no entanto, ressaltou sua preocupação quanto ao engavetamento dos planos. “Um grande esforço tem sido feito para a realização desses planos. Tenho receio de que muitos deles sejam engavetados porque teremos, no próximo ano, mudança de gestores devido às eleições municipais”, enfatizou.
A presidente do CBH-Caratinga, Nádia Rocha, também destacou a importância de que o PMSB seja colocado em prática e salientou que os municípios precisam fiscalizar a sua execução e estar atentos a todas as questões ligados ao saneamento, sobretudo no que se refere ao lançamento de esgoto sem tratamento nos rios.
Posição do poder executivo em relação ao meio ambiente
O vice-presidente da Comissão Extraordinária das Águas da ALMG, deputado estadual Leonardo Genaro, abriu o seminário expondo a mesma preocupação levantada pelos comitês: o esgoto sem tratamento lançado nos rios.
A prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa, concordou com as colocações do deputado e lembrou que o país passa por um momento crítico, marcado pela escassez de água. Com relação aos Planos Municipais de Saneamento Básico, Elisa Costa frisou a importância de que munícipes conheçam o plano, porque ele vai nortear as ações de saneamento no município por um período de 20 anos.
O presidente da Câmara Municipal de Governador Valadares, vereador Adauto Carteiro, disse que o problema que enfrentamos hoje é uma consequência da ação inconsciente do ser humano. Ele destacou que para a melhoria da situação atual, as ações propostas precisam sair da teoria e passar para pratica.
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