Guardiões do “Watu”: Dia Nacional dos Povos Indígenas

19/04

Nesta sexta-feira (19) é celebrado o Dia Nacional dos Povos Indígenas. A data nos convida a refletir sobre a importância da cultura e tradições indígenas na construção da identidade brasileira. Na cidade de Resplendor, às margens do Rio Doce, ficam as aldeias da etnia Krenak, da qual  pertence Tim Krenak Borum, conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce) e defensor da participação de mais povos originários na gestão dos recursos hídricos.

Membro do CBH Doce, Tim Krenak afirma que há um longo caminho para conquistar equidade de direitos e espaço dos povos indígenas nas discussões em prol da recuperação dos recursos hídricos. “A nossa participação nos comitês ainda é pequena. Uma vez que todos os leitos de rios e córregos na bacia do Rio Doce eram ocupados por povos indígenas, ter apenas uma cadeira no CBH Doce é pouco. Precisamos continuar lutando por reconhecimento e respeito para conquistar esses espaços de discussão na defesa dos recursos hídricos, na defesa do meio ambiente, reflorestamento e conservação do solo”, disse.

Primeiros Povos Indígenas na Bacia do Rio Doce

Tão diversas quanto as etnias indígenas, são as histórias de resistência e luta pela sobrevivência, que aconteceram às margens do Rio Doce.

O professor e doutor em história pela Universidade de São Paulo (USP), Dr. Haruf Salmen Espíndola explica que ainda é possível encontrar vestígios de diferentes etnias. “Na Bacia do Rio Doce, encontram-se muitos vestígios arqueológicos de populações indígenas, que teriam vivido ao longo do Rio Doce há 700 anos. Esses materiais arqueológicos indicam provavelmente que são povos de origem Tupi. Encontram-se restos de cerâmicas, inclusive em Governador Valadares. No levantamento para construção da represa no município de Aimorés, o EIA/RIMA, que é o Relatório Impacto Ambiental, aponta que, na época, foram identificados pelos arqueólogos vários vestígios de cultura indígena, tanto em cerâmica como em pedra, provavelmente de origem Tupi que viviam à beira do Rio Doce” explicou. 

Origem do “Watu”

Os Krenak reverenciam o Rio Doce de forma carinhosa como “Watu”, o mesmo que “Rio Grande”.  “O Doce é um rio grande, que era difícil de atravessar de um lado para o outro nadando ou por navegação. Por esse motivo, os krenak o chamavam de o “watu”, que na língua Borum significa “rio grande”, explica Salmen.

Quanto ao nome “Doce”, Haruf atribui a origem do batismo ao fato de ter sido encontrada água salinas a seis milhas da costa. “O Rio Doce foi localizado e identificado sem ser visto pelos primeiros portugueses, que fizeram as primeiras expedições ainda antes da colonização, logo que descobriu, mandou várias expedições para levantamento da costa, para buscar informações sobre a região. Passando pela costa do Espírito Santo, onde fica localizada a foz do rio Doce, não dava para ver a foz do rio pelas suas características. Ou seja,  não era visível do mar. Porém, os navegadores identificaram que a água mudava de cor à medida que se aproximavam, portanto, havia ali um rio, que eles chamaram doce, pois a água perdia a salinidade”, contou.

Para celebrar o Dia dos Povos Indígenas, Tim Krenak, membro do CBH Doce deixou uma reflexão sobre a data.

Confira:

 

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