Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do CBH-Doce se reúne em Governador Valadares para reunião extraordinária

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Agência Nacional de Águas participou do encontro e destacou o monitoramento da situação nos municípios que possuem captação na calha do Rio Doce

Para discutir os impactos do rompimento das barragens de Fundão e Santarém, em Mariana/MG, pertencentes à empresa Samarco, foi realizada nessa quinta-feira (12), em Governador Valadares, a segunda reunião extraordinária da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce). Participaram do encontro representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), Instituto BioAtlântica (IBIO), Defesa Civil de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, além de empresas prestadoras de serviços de abastecimento de água, prefeitos e secretários dos municípios atingidos.

A presidente da CTGEC, Lucinha Teixeira, abriu as atividades da reunião agradecendo a presença de todos. Ela também destacou a importância de que todas as entidades envolvidas com a gestão de recursos hídricos estejam em constante articulação diante das consequências da tragédia registrada na bacia do rio Doce.

Situação de Mariana

Rogéria Trindade, representante da prefeitura municipal de Mariana e segunda secretária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piranga (CBH-Piranga), apresentou o panorama atual do município após o rompimento das barragens. Segundo Rogéria, ainda não foi possível mensurar a proporção da tragédia na região e a consequência na vida dos mais de 59 mil habitantes atingidos indiretamente e mais de dois mil que estão totalmente desabrigados. “Essa é uma tragédia ecológica, social e econômica para nosso município. O abastecimento de Mariana não foi interrompido, já que a maior concentração de pessoas do município localiza-se na porção sul e leste, onde estão localizadas as fontes de abastecimento de água. Porém temos distritos e localidades totalmente destruídos”, disse Rogéria.

O secretário de Meio ambiente de Mariana, Rodrigo Carneiro, também esteve presente no encontro e disse que o município ainda não começou o trabalho ambiental, porque a preocupação inicial está voltada para o resgate das vítimas.

Monitoramento da Agência Nacional de Águas

Vicente Andreu, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), informou que as primeiras iniciativas do órgão foram monitorar o desenvolvimento do fenômeno ao longo do Rio Doce, acompanhar e avaliar a chegada dos sedimentos e a passagem da lama.  Andreu também ressaltou que “além de conhecer a dinâmica desse evento, é preciso correr atrás de informações em relação à qualidade da água e avaliar, juntamente com a defesa civil, quais serão os próximos passos para resolver a situação do abastecimento”.

Ainda segundo Andreu, a ANA esteve com o IGAM e a CPRM para reunir as informações dos dois órgãos e, a partir da próxima segunda-feira (16), vai ser possível divulgar o boletim completo da situação do Rio Doce e as análises atualizadas sobre a turbidez e o registro, ou não,  de metais pesados ,para o retorno da captação na calha do Rio Doce.

Ação contra Samarco

O Ministério Público de Minas Gerais entrou com uma ação civil pública contra a empresa Samarco Mineração exigindo que ela abasteça Governador Valadares com 800 mil litros de água por dia num prazo de até 72 horas depois da liminar. Caso a empresa não cumpra com o pedido, a multa aplicada será de R$ 1 milhão por dia. De acordo com Leonardo Maia, coordenador das Promotorias de Meio Ambiente da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, todos os caminhões pipa que foram solicitados pelo MP já foram disponibilizados, porém não são suficientes para o abastecimento da cidade. “O maior problema em Governador Valadares neste momento é o abastecimento humano”, afirmou Maia.

Governador Valadares pede ajuda

A prefeitura de Governador Valadares começou a buscar água com caminhões pipa nos municípios de Ipatinga, Marilac e Frei Inocêncio, porém, a partir dessa quinta-feira, Marilac e Frei Inocêncio não poderão mais ceder água potável, ficando disponível apenas o apoio oferecido pelo município de Ipatinga.

Elisa Costa, prefeita de Governador Valadares, também participou do encontro. Ela informou que foi decretado no município Estado de Calamidade Pública e exigiu que a empresa Samarco tome todas as providências para sanar os problemas gerados após o rompimento das barragens. “Valadares é a maior cidade da Bacia do Rio Doce que capta no Rio Doce, são 280 mil habitantes sem água. Não dá para abastecer a população com 20 caminhões pipa. Até agora não conseguimos um posicionamento da Samarco, que é inteiramente responsável pelas consequências do rompimento das barragens”, apontou Elisa.

Valadares já solicitou ajuda ao Governo Federal e ao Exército Brasileiro para que disponibilizem estações de tratamento de água móveis e garantam a segurança da população, que já começa a se desesperar em busca de água. Ainda segundo a prefeita, o município não tem recursos disponíveis para custear essas ações “Quem deve pagar essa conta são os responsáveis pelo acidente”.

Encaminhamentos

Ao final da reunião, membros do comitê e representantes de prefeituras propuseram encaminhamentos. Um dos encaminhamentos foi que o CBH-Doce exija que a Samarco promova imediatamente estudos para avaliação de formas de recuperação do sistema de abastecimento de cada município atingido e forneça todos os recursos financeiros para implantação destas alternativas  para garantir o abastecimento, que deverão ser avaliadas pelo poder público  municipal , estadual e federal. O diretor presidente do IBIO, Eduardo Figueiredo ressaltou a importância de trazer mais recursos para a bacia “Além do dinheiro arrecadado com a cobrança, temos a capacidade de captar recursos com outros parceiros, até mesmo fora da bacia, o que nos ajudará a potencializar as ações”, explicou Figueiredo. A representante da Prefeitura de Mariana, Rogéria Trindade, pediu que fossem tomadas medidas efetivas e práticas, para além de conter toda a lama que está localizada na região do Rio Gualaxo do Norte, de forma a evitar que o rejeito continue descendo para o Rio Doce. “Pedimos o apoio financeiro para que seja feita a recuperação ambiental, social e econômica da porção norte do município que foi diretamente atingida pela tragédia”, solicitou.

Todos os encaminhamentos serão repassados e avaliados pela diretoria executiva do CBH-Doce.

 

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