Para além dos desafios resultantes de décadas de degradação ambiental, estamos diante de um cenário alarmante: a intensificação dos efeitos das mudanças climáticas. Neste Dia Mundial da Água, convido todos a refletir sobre questões que não estão presentes somente na bacia hidrográfica do Rio Doce – uma das mais importantes do Sudeste brasileiro – e impactam cada parte de nosso país continental.
Eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes em Minas Gerais e no Espírito Santo, territórios que têm sido afetados por grandes cheias e também por estiagens prolongadas. Nos últimos três anos, municípios como Nova Era, Governador Valadares e Viçosa decretaram situações emergenciais devido à escassez hídrica, algo impensável há alguns anos.
Diante desse cenário desafiador, os Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Doce têm desenvolvido ações concretas para não apenas mitigar os impactos imediatos, mas também preparar o território para o futuro. Entre 2021 e 2024, foram investidos mais de R$ 200 milhões em iniciativas estratégicas, como o programa Rio Vivo e o Protratar.
O Rio Vivo já promoveu o cercamento e a proteção de mais de 1.700 nascentes em todo o território, buscando garantir água em qualidade e quantidade para comunidades rurais e urbanas. Já o Protratar destinou mais de R$ 100 milhões a projetos e obras de saneamento básico, atacando diretamente um importante problema ambiental: o lançamento de esgoto sem tratamento nos rios e córregos. A título de informação, segundo dados do PIRH Doce, apenas 8,3% do esgoto coletado nas cidades da bacia do Rio Doce é tratado, e mais de 270 milhões de metros cúbicos são anualmente lançados in natura em nossos cursos d’água.
Essas ações concretas são fundamentais, mas precisam ser acompanhadas por políticas públicas robustas e pelo engajamento efetivo da sociedade. É preciso ir além das boas práticas cotidianas, como o uso consciente da água e o descarte correto do lixo. Cobrar e participar da construção de políticas públicas que garantam a gestão eficiente e sustentável dos recursos hídricos é o que nos trará resultados consistentes e duradouros.
Os comitês são espaços propícios a essa participação, verdadeiros parlamentos das águas, onde todos – poder público, sociedade civil e usuários – têm voz e podem atuar juntos na proteção e recuperação dos rios, tendo como referência os instrumentos de gestão definidos na Política Nacional de Recursos Hídricos.
Nossos rios pedem socorro, e o futuro depende das decisões que tomamos hoje. Não podemos mais adiar. É fundamental que governo e sociedade atuem em conjunto, com compromisso e responsabilidade, para que possamos assegurar água limpa e abundante para as gerações presentes e futuras. O Comitê do Rio Doce reafirma seu compromisso de continuar lutando para transformar a realidade atual.
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