Tendo em vista a trágica ruptura das barragens de rejeito de mineração de Fundão e Santarém, pertencentes à mineradora Samarco, ocorrida na tarde de ontem, quinta-feira, 05/11, em Mariana-MG, a Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) faz um alerta aos usuários das águas do rio doce, localizados a jusante do município de Rio Doce-MG, sobre a onda de cheia e a natureza das prováveis alterações qualitativas para a água nos próximos dias.
De acordo com informações de Boletim Extraordinário do Serviço Geológico do Brasil (CPRM)[1] a onda de cheia está se deslocando pela calha do rio Doce, sendo que o pico da onda passou pela Usina Risoleta Neves (Candonga) por volta das 10 horas de hoje, 06/11, com vazão máxima verificada de 1900 m³/s. A previsão é de que o pico atinja:
Esta onda provocará alteração abrupta do nível d’água, razão pela qual recomendamos aos usuários que protejam suas instalações de captação durante a passagem da onda de cheia, que tende a ser inferior a 4 horas.
Informamos que a natureza do resíduo em questão implica em prováveis alterações temporárias nas características da água bruta, especialmente com relação a parâmetros de turbidez, cor, entre outros. De acordo com informações preliminares repassadas pela Samarco, o rejeito é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro. Estamos acompanhando e aguardando o resultado das análises de água e sedimentos que estão sendo realizadas na região afetada pelo Senai/Cetec, acionado através do IGAM.
Cabe aos operadores e aos responsáveis pela vigilância da qualidade dos recursos hídricos o monitoramento da água a ser captada, tratada e distribuída.
Recomendamos aos operadores de Sistemas de Abastecimento de água que incrementem a produção e reservação de água tratada até a chegada da onda de cheia e que somente retomem a captação a partir da melhoria das características físico-químicas da água, considerando suas possibilidades de potabilização.
Espera-se a amortização da onda de cheia por meio da operação das UHEs Baguari e Aimorés. Espera-se que as referidas barragens contribuam para a redução das vazões como também para a retenção e diluição parcial dos resíduos.
Reiteramos que não há razões para alarme sobre inundações nos municípios do médio e baixo rio Doce.
A situação está sendo monitorada e serão emitidos comunicados pelos órgãos oficiais caso haja necessidade.
Atenciosamente,
LUCIANE TEIXEIRA MARTINS
Presidente da CTGEC
[1] http://sace-doce.cprm.gov.br/sace-doce/#
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