A participação feminina em diferentes espaços – nas empresas, nos cargos públicos, na ciência e na gestão de recursos hídricos – tem avançado ao longo dos anos, mas ainda permanece significativamente inferior à masculina. No contexto da gestão dos recursos hídricos, as mulheres têm sido protagonistas na defesa do meio ambiente, na construção de políticas sustentáveis e na preservação da água, nosso bem mais precioso. Nos Comitês de Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Comitês do Rio Doce), atualmente, temos cerca de 150 conselheiras mulheres, o que representa 31% de todo o colegiado.
Já as médias nacionais são de 27,2% nos comitês interestaduais, 31,2% nos comitês estaduais e 30,5% nos conselhos estaduais, conforme aponta o estudo realizado em 2022 pela pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernanda Matos.
“Para fortalecer essa trajetória é importante que os espaços de gestão hídrica promovam a equidade de gênero, buscando garantir representatividade efetiva e participação ativa das mulheres nesses ambientes e nas decisões estratégicas. A água é um bem comum, e a diversidade de olhares na sua gestão é essencial para soluções mais justas e sustentáveis”, pontua Fernanda, destacando que, apesar desses desafios, há avanços importantes.
“As mulheres têm se articulado em redes e movimentos, promovendo debates sobre a inclusão de perspectivas de gênero na governança da água, e estão desempenhando um papel essencial na gestão dos recursos hídricos, seja na luta por direitos ambientais, na implementação de práticas sustentáveis ou na articulação de redes que fortalecem a participação social. Criar mecanismos de incentivo, capacitação e proteção contra a violência política são passos fundamentais para consolidar uma governança hídrica mais diversa e representativa”, concluiu.
Flávia Dias, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Águas do Rio Manhuaçu (CBH Manhuaçu) é uma das mulheres que atuam em defesa das águas do território e, nos últimos anos, vêm levantando a bandeira da importância da participação feminina na gestão dos Recursos Hídricos. “No dia das mulheres, e em todos os outros, antes de oferecer flores, ofereça respeito. Na gestão das águas é claro e notório a baixa presença de mulheres em meio aos representantes de sistema de gestão, mas também é notório a atuação, presença e olhar que as mesmas têm junto a esses coletivos. Eu, como mulher, representante da sociedade civil em Comitê de Bacias hidrográficas há mais de 10 anos, sempre passei e passo até hoje por situações de misoginia velada, onde a disputa por estar em situação de liderança ainda é uma prerrogativa, muitas vezes desleal, dentro dos processos”, destacou Flávia, pontuando que hoje, na diretoria de Comitê e Sub comitês do Doce, 100% das cadeiras são ocupadas por homens. “Ainda temos muito o que evoluir para que possamos aplicar a ODS 5, que busca, de forma internacional, o estímulo a paridade dentro dos coletivos”, concluiu Flávia.
Seja nas comunidades, na pesquisa, na educação ambiental ou na gestão participativa das bacias hidrográficas, a atuação feminina fortalece a governança da água e promove um futuro mais sustentável para todos. Neste 8 de março, os Comitês da Bacia do Rio Doce reforçam a importância da participação feminina na gestão dos recursos hídricos e reafirmam o seu compromisso com a equidade, a diversidade e a sustentabilidade.
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